segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Entrevista
Por que voltar a Sintra 25 anos depois? Como surgiu esta ideia?
Tinha realizado essas filmagens em super-8 no período entre 79 e 81, em vez de escrever poemas (sou poeta e artista visual, também). Filmava como escrevia, diariamente, minhas impressões sobre a viagem, como anotações, diário.
Fiz mais de 40 documentários desde esse período até 2007 (Uaka, Lygiapape e muitos outros no tempo em que morei na Colômbia). Senti a necessidade, depois de ter realizado alguns filmes, de construir esse ensaio pessoal sobre o período de Sintra, investigar o território da memória, da memória involuntária, da construção imagética a partir desse tema. Ganhei um edital do Rumos (Itaú Cultural), e decidi fazer o longa.
Trata-se de um filme em primeira pessoa, uma viagem de reminiscências, uma viagem física até Portugal, país ao qual eu não tinha voltado desde 81, e em paralelo uma viagem da memória. Trata-se de um filme sensorial, afetivo, pessoal, um filme de amor, sobre a perda, um ensaio sobre eu mesma, sobre minha família, sobre Glauber, meu companheiro. Passado, presente e futuro, tudo está incluído nesse Tempo - tempos paralelos, que se mesclam e dialogam, o presente dialoga com o passado numa interpolação de tempos.